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Jornalista preferido de Thatcher, Boris Johnson quer o governo britânico
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O ex-prefeito de Londres Boris Johnson.
REUTERS/Mary Turner/Pool
O ex-prefeito de Londres e deputado conservador Boris Johnson, um dos líderes da campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, afirmou nesta sexta-feira (24) que "não há necessidade de pressa" para negociar a decisão inédita. Johnson é cotado para substituir o premiê David Cameron, que pediu demissão do cargo após a derrota dos pró-europeus no plebiscito de quinta-feira.
Ferrenho defensor do Brexit, Johnson, de 52 anos, diz que a União Europeia "foi uma ideia nobre em sua época", mas "não era mais correta para o Reino Unido". "Agora, temos uma oportunidade gloriosa para aprovar nossas leis e fixar nossos impostos de acordo com as necessidades do país", completou o líder anti-UE. O deputado prestou homenagem a Cameron por convocar o plebiscito que resultou na vitória do Brexit, por 51,9% votos contra 48,1%.
Ex-jornalista, nascido em Nova York, Alexander Boris de Pfeffel Johnson, estudou nas melhores escolas do Reino Unido. Filho mais velho de uma família de quatro irmãos, estudou no prestigiado Eton College, frequentado pela aristocracia britânica, onde obteve uma bolsa de estudos. Em seguida, integrou a universidade de Oxford, onde presidiu o clube dos estudantes.
Ao terminar a faculdade, foi trabalhar como jornalista no Times, mas foi demitido por ter inventado uma citação e ter negado sua autoria. Depois, foi empregado pelo Daily Telegraph, que o enviou para ser correspondente em Bruxelas.
O que chama a atenção na personalidade de Johnson são as declarações diretas e ousadas, além de um certo gosto pelos holofotes. "Desde pequeno ele queria ser o rei do mundo", declarou sua irmã Rachel ao biógrafo Andrew Gimson.
Jornalista excêntrico
Os textos corrosivos, as frases de efeito e uma certa excentricidade marcaram a passagem de Jonhson pela imprensa britânica, a ponto dele se tornar o jornalista favorito de Margaret Thatcher, chefe de governo de 1979 a 1990. Em suas matérias, ele descrevia os bastidores da União Europeia nos seus aspectos mais insólitos, como o tamanho das linguiças servidas aos líderes do bloco, a decoração e o tamanho dos banheiros, entre outras curiosidades. Um jornalista da AFP que trabalhou com ele na mesma época, Christian Spillmann, relata: "Ele não inventava histórias, mas exagerava nas descrições".
Foi também em Bruxelas que Johnson se separou de sua primeira mulher, Allegra Mostyn-Owen, ex-estudante em Oxford. Ainda na capital belga, casou-se com uma amiga de infância, Marina Wheeler, com quem vive até hoje e tem quatro filhos.
Eleito deputado pela primeira vez em 2001, foi reeleito em 2005. De maio de 2008 a maio de 2016, foi prefeito de Londres por dois mandatos consecutivos. Para muitos analistas, sua gestão à frente da capital britânica teve resultados modestos, à parte o sucesso dos Jogos Olímpicos de 2012.
Durante a campanha do Brexit, Johnson defendeu a retirada do país da UE "para que os britânicos voltem a ter o controle do país". Em seu ônibus vermelho, o deputado percorreu a Grã-Bretanha como um peregrino, disposto a convencer a população de que uma saída da UE seria sinônimo de prosperidade econômica e segurança. Também fez uma campanha marcada pelo discurso anti-imigração, fato que levou observadores a criticar o tom xenófobo.
Para chegar ao 10 Downing Street, sede do governo britânico em Londres, Johnson enfrentará vários adversários no Partido Conservador, segundo Tim Oliver, da London Schools of Economics. "Alguns deputados acham que ele foi oportunista ao defender o Brexit", afirma o especialista. "Ele pode ter o apoio de militantes, mas terá que reunificar o partido", explica. Nas próximas semanas, Johnson poderá ingressar no governo como ministro, antes do salto final.
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Fonte: Rádio França Internacional
