Jogos Paralímpicos geram mais investimentos no esporte adaptado

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Rio de Janeiro

Jogos Paralímpicos de 2016

Esportes

Jogos Paralímpicos geram mais investimentos no esporte adaptado

Por

Daniella Franco

mediaA atleta Marinalva de Almeida, da equipe brasileira da vela paralímpica.
Divulgação

Passados os Jogos Olímpicos, é a vez de os Jogos Paralímpicos tomarem conta do Rio de Janeiro. As competições começam no dia 7 de setembro, mas várias polêmicas antecedem o início da Paralimpíada.

Como os cortes nos gastos da organização, que chegou a revoltar o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Philip Craven, e a fraca venda de ingressos para o evento – panorama que vem melhorando nos últimos dias.

Independente de ter arenas lotadas, a expectativa é de que os Jogos Paralímpicos do Rio tragam mais investimentos ao esporte adaptado, incentivem a descoberta de novos talentos e também incitem o debate sobre inclusão social.

É o que espera a carioca Fátima Benincaza, da Associação Brasileira de Osteogênese Imperfeita. Ela tem dois filhos com deficiência que praticam natação e, junto deles, assistirá a competições de várias modalidades. “No centro do Rio, observei que as ruas e o transporte público estão melhores, há mais rampas, temos elevadores nos metrôs. Esses investimentos já começaram nos Jogos Olímpicos, onde havia, por exemplo, espaços reservados para as pessoas com deficiência. E esses esforços continuam durante os Jogos Paralímpicos, mostrando para a sociedade e o público a preocupação com essa questão”, diz.

As mudanças que Fátima percebe fazem parte do legado que os Jogos Paralímpicos deixam para o Rio, como explica o professor de Antropologia e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Esporte e Sociedade da Universidade Federal Fluminense (UFF), Luiz Fernando Rojo. “As condições materiais para a prática do esporte adaptado melhoraram muito no Brasil. Mas, para a população, em geral, as mudanças não aconteceram. As cidades continuam com enormes dificuldades de acessibilidade”, avalia.

O legado que Rojo classifica como “não-material” é o principal dos Jogos Paralímpicos. “Entre 2007, quando foram realizados os Jogos Parapanamericanos do Rio de Janeiro, até 2016, a visibilidade do esporte paralímpico e em relação às pessoas com deficiência se ampliou de forma significativa”, ressalta.

Brasil deve conquistar mais medalhas nos Jogos Paralímpicos do que obteve na Olimpíada

Rojo é otimista em relação ao desenvolvimento do esporte paralímpico no Brasil. Ele aposta que o número de medalhas que o Brasil vai conquistar nos Jogos Paralímpicos será superior aos Jogos Olímpicos. Para ele, isso vai dar uma maior visibilidade e trazer mais investimentos, um processo que, segundo ele, já vem acontecendo. “Nos últimos onze anos nós tivemos as Paralímpiadas Escolares. Vários dos atletas que estarão competindo nos Jogos Paralímpicos começaram a praticar esportes para esse evento nas escolas. A competição já é um investimento tanto na ampliação da prática esportiva em geral, mas também na renovação das equipes nacionais paralímpicas”, diz.

O otimismo de Rojo é compartilhado pela atleta Marinalva de Almeida, da equipe da vela paralímpica. Antes mesmo do início dos jogos no Brasil, a esportista destaca uma mudança no esporte e na sociedade brasileira. “Quando as coisas são vistas de uma forma positiva e com a consciência de que uma pessoa com deficiência pode se encontrar, se realizar e fazer tudo o que uma pessoa sem deficiência pode, cria-se essa visibilidade e essa quebra de paradigma”, destaca.

A atleta Marinalva de Almeida, da equipe da vela paralímpica do Brasil.
Divulgação

A trajetória de Marinalva no esporte paralímpico é uma prova disso. A esportista sofreu um acidente de moto quando era adolescente e teve que amputar a perna esquerda. À RFI, ela contou que passou por um período difícil, mas começou a se dedicar ao esporte por indicação de um amigo.

Marinalva estreou como corredora de rua, mas passou por diversas modalidades paralímpicas, como o lançamento de dardo e o salto em distância. “Eu fui a primeira mulher amputada a correr a São Silvestre usando muletas. E, depois disso, ainda fiz a meia maratona de Foz de Iguaçu (PR)”, conta, orgulhosa, destacando que a vela é hoje sua grande paixão.

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Fonte: Rádio França Internacional

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