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68% dos franceses acham que a União Europeia vai na direção errada
Por
Jovens com a bandeira da União Europeia
REUTERS/Stoyan Nenov
O jornal francês Libération traz na sua reportagem de capa nesta quarta-feira (6) os resultados de uma pesquisa de opinião sobre o que os franceses pensam da União Europeia, após o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia). O levantamento foi encomendado pela publicação ao Instituto Viva Voice.
Segundo a reportagem, o Brexit não suscitou na França uma vontade particular de abandonar o bloco, mas a maioria dos entrevistados, 68%, considera que a União Europeia vai na direção errada.
Porém, ao mesmo tempo, a maioria também acha que deixar o bloco seria uma má escolha a longo prazo para a economia do país. Essa foi a resposta de 61% dos entrevistados.
A conclusão do jornal é que os franceses não querem o divórcio, mas exigem mudanças na política do grupo. Entre essas mudanças, segundo o resultado da pesquisa, está mais proteção para eles e menos para os outros.
Para 54% dos entrevistados, a União Europeia foi generosa demais com os refugiados, e 41% acham que o bloco tem uma política solidária demais em relação aos países endividados da zona do euro, como Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal. E, para 50%, a União Europeia acentua a concorrência entre os países, tanto na Europa quanto no mundo.
Bloco mais fechado
Os franceses também desejam um bloco mais fechado. 40% não querem o ingresso de novos membros, e 37% gostariam que o bloco fosse redesenhado apenas com um grupo restrito de países. Já 36% pedem mais poder aos cidadãos.
O Libération assinala que, apesar de desejar mudanças, 28% dos franceses dizem que não há nenhum político atualmente que possa representar seus desejos. O diretor do instituto Vivavoice, François Miquet-Marty, faz uma análise da pesquisa. Para ele, os franceses viraram a página da Europa dos valores e dos ideiais. Eles querem agora um bloco mais útil e mais concreto, que responda às preocupações das pessoas.
Crescimento do nacionalismo
A situação da União Europeia após o Brexit também é o tema da reportagem de capa do jornal Aujourd'hui en France, que destaca o aumento do nacionalismo e da popularidade dos partidos eurofóbicos.
A publicação entrevistou o ex-primeiro-ministro italiano Enrico Letta, que atualmente é presidente do Instituto Jacques-Delors, em Paris. Para ele, o ressurgimento do nacionalismo e do populismo na Europa está ligado à crise migratória, que foi o grande trunfo dos favoráveis ao Brexit no Reino Unido.
Mas, segundo Letta, os migrantes são apenas bodes expiatórios. Ele explica que a União Europeia subestimou a crise dos refugiados desde 2015, apesar de ser a mais violenta na Europa desde 1945. Atualmente há 3 milhões de deslocados no continente, enfrentando um choque cultural nos países de acolhida.
O ex-primeiro ministro italiano afirma ainda que é necessário explicar que esse fluxo não vai cessar e que não há meios para evitar a entrada dos migrantes. Ele vai além: os governos europeus impediram a Europa de agir corretamente. Para finalizar, Letta diz que o nacionalismo é um barril de pólvora , uma doença, uma maneira de criar inimigos para esconder os problemas.
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Fonte: Rádio França Internacional