O Bush Tetras é o caso clássico da banda que só recebe o merecido reconhecimento muito tempo após sua dissolução. Pat Place (membro fundador do Contortions ao lado de James Chance), Cynthia Sley, Laura Kennedy e Dee Pop formaram o grupo em Nova Iorque no último suspiro dos anos 70, em meio a maluca cena no wave que sacudia o submundo musical da cidade.

Entre 1980 e 83 gravaram alguns singles e EPs – um deles produzido pelo batera do Clash, Topper Headon – e circularam um bocado pelos clubes da grande maçã, até que Laura e Dee pularam fora e, pouco tempo depois, o barco afundou.

Os quatro seguiram pelos caminhos da música até que em 95 aproveitaram o gancho da ROIR, que lançou a coleta Boom in the night (Original studio recordings 1980-1983), e se reuniram para gravar um novo disco de estúdio. Beauy lies saiu no ano seguinte, e se não obteve sucesso comercial ajudou uma nova geração de bandas a descobrir o Bush Tetras e correr atrás de material antigo do quarteto – material que está totalmente reunido na citada coletânea, que você ouve logo abaixo.

E aí chegamos à afirmação do primeiro parágrafo deste texto. Ouvir Boom in the night é reconhecer toda a genética de bandas como Rapture, LCD Soundsystem, Radio 4, Franz Ferdinand e outros tantos nomes menores da ‘cena’ disco-punk (e afins) que estourou à partir do final dos anos 90.

As linhas de baixo e os riffs de guitarra funkeados, percussões e influências de dub/reggae aliados à postura agressiva do punk, tudo isso está nas 14 faixas dessa compilação. Vá direto à “Too many creeps”, primeiro single do Bush Tetras lançado originalmente em 1980, e entenda de onde vieram “Beat connection” e “House of jealous lovers”. Nunca é tarde para estudar o passado e assim entender o presente.

Essencial!

PS: o Bush Tetras segue na ativa e neste ano lançaram o EP Take the fall.