Visita de Obama a Orlando gera opiniões contraditórias na comunidade LGBT

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Barack Obama

Visita de Obama a Orlando gera opiniões contraditórias na comunidade LGBT

mediaMemorial em homenagem às vítimas do massacre na discoteca Pulse de Orlando.
REUTERS/Jim Young

O presidente norte-americano, Barack Obama, chega a Orlando nesta quinta-feira (16) para prestar solidariedade aos familiares e sobreviventes das vítimas do ataque contra o clube Pulse. Entre a comunidade LGBT local, a visita gera opiniões e sentimentos contraditórios.

Com informações da enviada especial da RFI à Orlando, Stéphanie Schüler

De acordo com o programa presidencial, publicado pela Casa Branca, Obama chega à Orlando às 12h30 local, acompanhado do vice-presidente norte-americano, Joe Biden. Os dois devem, em seguida, se dirigir ao centro da cidade para encontrar sobreviventes do ataque, além de familiares das 49 pessoas que morreram no massacre da madrugada do último domingo (12).

O programa não especifica onde os encontros acontecerão, apenas ressaltam que não poderão ser acompanhados pela imprensa. Obama também antecipou que não fará nenhum tipo de discurso ou manifestação durante sua visita.

Embora tenha se pronunciado publicamente algumas vezes sobre a tragédia, a estratégia de não realizar um discurso no local pode decepcionar os habitantes de Orlando, onde muitos esperam uma mensagem forte do chefe de Estado. Enquanto algumas organizações LGBT dizem apreciar o gesto do presidente, parte da população considera que Obama está minimizando o problema ao evitar colocar o extremismo muçulmano como principal agente do atentado.

Opiniões e sentimentos contraditórios

"Orlando unida", diz o slogan exibido em camisetas e cartazes espalhados pela cidade. Mas a opinião sobre a chegada do chefe de Estado não é unânime entre os habitantes.

"É bom que o presidente venha a Orlando. Ele vai apoiar a cidade, nos trazer palavras de conforto e esperança para o futuro. Para nós, sua presença é importante", diz uma mulher entrevistada pela RFI na sede de uma ong de defesa de direitos LGBT. Nos arredores do clube Pulse, um outro morador de Orlando tem uma opinião negativa sobre a visita: "Não acho que ele vá admitir o verdadeiro problema, ou seja, que os extremistas muçulmanos que tomam os norte-americanos como alvo. Como Obama não quer admitir isso, ele esconde esse problema das pessoas".

"A melhor coisa para a comunidade LGBT é que ele diga a verdade. Minimizando os fatos, ele desrespeita as vítimas da tragédia que aconteceu", diz uma moradora da cidade à RFI. "Ele vai usar seu discurso sobre o controle de armas de fogo. Mas se nós sabemos qual foi e quando foi feita a compra do material utilizado pelo agressor, é porque ele o fez legalmente! E o presidente Obama não fez para impedir isso", reclama um outro morador.

Pontos na política

Para o advogado John Ruffier, membro da associação Human Rights Campaign, em Orlando, o chefe de Estado está gerenciando bem a situação. "Obama está à altura deste tipo de crise. Suas respostas ao ataque foram adequadas e bem-vindas. Ele se concentra sobre as vítimas e suas famílias para expressar conforto a eles. Não é o momento para ganhar pontos na política, como, infelizmente [o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos] Donald Trump está tentando fazer", diz.

Na última terça-feira (14), o presidente norte-americano reclamou da atitude de seus opositores. "A única contribuição contra a luta ao grupo Estado Islâmico de 'meus amigos' do outro lado da fronteira política é criticar minha administração, devido à minha recusa de utilizar a expressão 'islã radical'. Segundo eles, não podemos combater esses terroristas enquanto não os chamarmos de 'muçulmanos radicais'. O que isso mudaria, exatamente? Colocar uma etiqueta sobre uma ameaça não a faz desaparecer! Não tem nada de mágico na expressão 'islã radical'", criticou Obama.

O massacre da boate Pulse deixou 49 mortos e 53 de feridos. Apesar de ter sido reivindicado pelo grupo Estado Islâmico, o pai de Omar Mateen, autor do atentado, garantiu que o filho não tinha motivações religiosas, mas homofóbicas. O agressor era frequentador do clube e de outros bares gays de Orlando, além de utilizar aplicativos de encontros para homossexuais.

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Fonte: Rádio França Internacional

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