Russos homenageiam Doutora Liza, ativista humanitária morta na queda de avião

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Russos homenageiam Doutora Liza, ativista humanitária morta na queda de avião

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RFI

mediaHomenagens à Doutora Liza em Moscou
AFP

No exterior, a queda de um avião militar russo no Mar Negro está sendo associada à morte do famoso Coro do Exército Vermelho, símbolo da Rússia por excelência. Mas, no país, muitos também lamentam a perda da "Doutora Liza", respeitada figura humanitária.

A morte de Elizaveta Glinka provocou uma avalanche de homenagens das mais diversas personalidades, como a ex-dissidente e ativista dos direitos humanos Lyudmila Alexeyeva e o presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov.

Desde domingo (25), quando o avião caiu, os habitantes de Moscou depositam flores e velas em frente à entrada discreta da organização criada pela "Doutora Liza", como era conhecida.

Ela trabalhou incansavelmente em favor dos desabrigados, das crianças do leste da Ucrânia em guerra e das vítimas dos terríveis incêndios do verão de 2010. "Sua vida não foi em vão, ela fez muita coisa boa", disse a russa Anna, 48, com a voz embargada.

Elizaveta, que completaria 55 anos em fevereiro, viajava para a Síria para levar medicamentos ao Hospital Universitário de Latakia, que ela já tinha visitado em setembro. Essa cidade está localizada perto da base aérea russa de Hmeimim, destino do Tu-154 que caiu logo após decolar de Sochi.

Hospital levará seu nome

O ministério russo da Defesa anunciou que dará seu nome a um hospital. "A Doutora Liza era amada por todos, e havia razão para isso", declarou Mikhaïl Fedotov, presidente do conselho do Kremlin para os direitos humanos.

Formada em medicina na antiga União Soviética, ela emigrou para os Estados Unidos no final de 1980 com seu marido e se especializou em medicina paliativa. No final dos anos 1990, criou uma unidade no Hospital de Oncologia de Kiev.

De volta à Rússia em 2007, criou o fundo de caridade "Ajuda Justa", destinado a ajudar os pobres, incluindo os sem-teto. Seu rosto sério, cabelo loiro curto e franja tornaram-se comuns nos meios de comunicação e reuniões públicas.

Operações humanitárias

Quando eclodiu em 2014 o conflito na região do Donbass, no leste da Ucrânia, entre os separatistas pró-russos e o exército ucraniano, visitou em numerosas ocasiões a área e evacuou as crianças para hospitais russos.

Na mesma época, visitou na prisão a piloto do exército ucraniano Nadiya Savchenko, em greve de fome após ser acusada da morte de dois jornalistas russos durante o conflito, antes de ser libertada em maio de 2016 numa troca de prisioneiros.

Sua participação em operações humanitárias no Donbass ou na Síria, onde a ação de Vladimir Putin é criticada, como sua participação no conselho do Kremlin, lhe valeram críticas da parte de alguns representantes liberais de oposição.

"Ela cooperava com o poder para salvar as pessoas", explica Zoïa Svetova, jornalista e membro, como era Elizaveta Glinka, da direção do fundo de caridade Véra.

Fonte: Rádio França Internacional

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