Restaurantes franceses abrem a cozinha para chefs refugiados

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Restaurantes franceses abrem a cozinha para chefs refugiados

Por

Lúcia Müzell

mediaBar de vinhos Inaro, do francês Johan, abre as portas para refugiada Fariza.
Food Festival

A integração dos refugiados se tornou um desafio para o qual a Europa não pode mais virar as costas, desde que estourou a crise de imigração de sírios, iraquianos ou outras populações que fogem das guerras em seus países. Neste fim de semana, 11 restaurantes parisienses oferecem uma pequena contribuição, ao abrirem as cozinhas para chefs refugiados prepararem o menu do dia.

A primeira edição do Refugee Food Festival começa nesta sexta-feira (17) e dura quatro dias. No almoço ou no jantar, os restaurantes vão deixar o chef refugiado se instalar como se fosse o cozinheiro oficial do estabelecimento – com suas receitas, temperos e o toque especial de cada prato. Na maioria dos casos, o menu vai ser fixo, com preços de €15 a €55.

Divulgar os sabores do mundo

No total, sete chefs participam da iniciativa: três sírios, um iraniano, uma cingalesa, uma chechena e um indiano. “São eles que mandam. A gente quer que eles digam quais serão as receitas e as preparem da maneira como sempre fizeram nos países deles, sem adaptações ocidentais”, afirma Louis Jacquot, um dos proprietários da Les Cuistots Migrateurs, uma empresa especializada em preparar refeições feitas por refugiados.

Os chefs participantes do festival foram todos indicados pela Les Cuistots Migrateurs, que visa divulgar melhor a gastronomia do mundo na França. Eles foram encontrados por meio de associações que ajudam os imigrantes, como France Terre d’Asile. “Os parisienses acham que conhecem bem a culinária estrangeira, mas eles misturam tudo. A cozinha libanesa é bastante popular e os franceses acham que a síria é igual, mas não é.”

Integração na França pela culinária

Os organizadores do evento avaliam que a melhor maneira de aproximar as pessoas e mudar a postura dos europeus sobre os imigrantes é exaltar os pontos positivos dessa troca. Uma boa refeição, alegam, é capaz de unir pessoas de culturas totalmente diferentes e representa um primeiro passo para o diálogo, tão importante para o entendimento entre os povos.

“Queremos mudar o olhar sobre a questão dos refugiados, porque hoje tudo que se fala deles é de um ponto de vista angustiante, miserável. Todo o drama é verdadeiro, mas, por trás deles, há pessoas como você e eu, que têm competências, conhecimentos, uma bagagem cultural e muita coisa para oferecer à sociedade francesa”, afirma Louis Martin, um dos idealizadores do Food Sweet Food, um projeto audiovisual que mostra a culinária original dos países pelos próprios habitantes.

Nicolas, dono do Bespoke Cocktail, gostou tanto do trabalho do indiano Keshar que decidiu contratá-lo.
facebook.com/FoodSweetFood

Para muitos imigrantes, a culinária representa a porta de entrada para a integração na sociedade francesa, um país profundamente apegado aos prazeres da mesa. “O objetivo também é oferecer uma oportunidade para mostrar o talento deles, para que eles consigam um emprego fixo nessa área”, afirma Martin.

Nesse aspecto, a iniciativa já começou a dar frutos: durante a preparação para o festival, o refugiado indiano Keshar agradou tanto o proprietário do restaurante Bespoke que foi contratado para uma vaga de meio período. O objetivo dos organizadores é não só repetir o evento no ano que vem, como ampliar o número de restaurantes e chefs e exportar a ideia para outras capitais europeias, como Londres, Berlim ou Roma.

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Fonte: Rádio França Internacional

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