Protestos marcam aniversário da devolução de Hong Kong à China

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Protestos marcam aniversário da devolução de Hong Kong à China

mediaSegundo organizadores, cerca de 110 mil pessoas saíram às ruas de Hong Kong nesta sexta-feira (1°) para reclamar sobre o autoritarismo e a interferência da China.
REUTERS/Bobby Yip

Dezenas de milhares de manifestantes pró-democracia desfilaram nesta sexta-feira (1°) em Hong Kong para lembrar o 19° aniversário da devolução do ex-território britânico à China. Como pano de fundo, a angústia de que Pequim endureça ainda mais seu controle sobre a ex-colônia.

Com informações da correspondente da RFI em Hong Kong, Florence de Changy

A cada ano desde 1997, a marcha do 1° de julho torna-se um protesto de todas as minorias, causas e problemas, frequentemente com um assunto dominante. Mas, pela primeira vez, grupos separatistas expressaram seu descontentamento sobre devolução de Hong Kong à China com uma manifestação.

De acordo com os organizadores, cerca de 110 mil pessoas saíram às ruas nesta sexta-feira (19,3 mil, segundo a polícia). A marcha começou pela tarde no local, com manifestantes que reivindicaram o direito de escolher seus próprios governantes. Alguns militantes exibiam guardas-chuvas, símbolo do movimento pró-democracia, que sacudiu o país em 2014 ao exigir uma verdadeira eleição do chefe do executivo em 2017.

No final da passeata, centenas de policiais foram acionados para bloquear um bairro próximo à sede da administração. Os participantes anunciaram que usariam máscaras, já prevendo confrontos com policiais. As forças de ordem advertiram que tomariam "medidas necessárias para impedir ações ilegais".

Para Martin Lee, considerado como o pai do movimento democrático em Hong Kong, o ponto em comum da manifestação deste ano é a necessidade de protestar contra o chefe do executivo, Leung Chun-ying. "Ele realmente dividiu a comunidade. Nenhum líder deveria ter esta postura. Os hongcongueses estão muito insatisfeitos", diz.

Preocupação com a liberdade de expressão

Os organizadores da mobilização haviam anunciado que Lam Wing-kee, livreiro raptado e preso na China no mês de outubro de 2015 e que desafiou o governo tornando público o relato de sua experiência, deveria participar do prostesto, mas ele cancelou sua participação no último momento.

O opositor de 61 anos desapareceu junto a quatro empregados de uma editora que vendia obras críticas a Pequim. O caso causou grande comoção na ex-colônia britânica, ressaltando o endurecimento das medidas de controle na China.

"Lam Wing-kee enfrenta uma série de ameaças e não pode comparecer à manifestação", explicou o líder do protesto, Lau Shan-ching, que passou dez anos em uma prisão chinesa como preso político.

A ausência do homem ovacionado por sua coragem de desafiar Pequim é um novo sinal de preocupação quanto à liberdade de expressão em Hong Kong

Um país, dois sistemas

A ex-colônia britânica foi devolvida a Pequim em 1º de julho de 1997. Desde então, tem o estatuto de região administrativa especial e goza a princípio de uma ampla autonomia em virtude do modelo "um país, dois sistemas", que vigora até 2047.

"O caso de Lam é uma mensagem muito clara para o mundo: a China destrói o princípio de 'um país, dois sistemas'", declarou Edward Leung, líder do movimento dos Indignados de Hong Kong, um grupo separatista que surgiu em 2015 com o objetivo de defender a autonomia, inclusive a independência de Pequim.

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Fonte: Rádio França Internacional

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