Conselho de Ética aprova cassação de Eduardo Cunha

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Eduardo Cunha

Brasília

Câmara dos Deputados

Conselho de Ética aprova cassação de Eduardo Cunha

mediaO presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante sessão do Congresso Nacional, em Brasília.
REUTERS/Adriano Machado

Por 11 votos a 9, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou a cassação do mandato do presidente afastado da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele é acusado de mentir à CPI da Petrobras, em 2015, quando disse que não tinha contas no exterior.

Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília

A fala foi desmentida depois com a divulgação de dados bancários enviados à Procuradoria-Geral da República por autoridades da Suíça. O caso ainda será analisado pelo Plenário da Câmara dos Deputados.

“A mentira e omissão foi deliberada, premeditada e com a finalidade de minar a operação Lava Jato”, declarou o relator, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que foi favorável à cassação de Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar.

“Estamos diante do maior escândalo que esse colegiado já julgou. Trata-se de uma trama com finalidade de mascarar sucessão de crimes, remessas ilegais, lavagem de dinheiro, corrupção passiva”, completou.

O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, disse que o deputado não tem conta no exterior. “Cadê o número da conta corrente, o nome do banco em nome do meu cliente? Não me venha com pirotecnia”, reclamou.

Pouco antes da votação, deputados discutiram e houve bate-boca. O deputado Wladimir Costa (SD-PA) chamou a maioria de integrantes do PT de “bandido”, “batedor de carteia”, “assaltante dos cofres públicos” e “vagabundo”. Petistas rebateram dizendo “ladrão é você” e “você que é vagabundo”. O presidente do conselho, o deputado José Carlos Araújo (PR-BA), interveio: “Os senhores têm que dar o exemplo, nós não estamos numa sala de aula”. Apesar do discurso, Wladimir Costa surpreendeu a todos votando a favor da cassação de Cunha.

Tia Eron dá voto de minerva a favor de Cunha

O voto mais esperado do conselho era o da deputada Tia Eron (PRB-BA). A posição dela a favor da cassação de Cunha definiu o resultado da votação. A deputada faltou à reunião do Conselho de Ética na semana passada, o que provou confusão, já que o suplente, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), já tinha se pronunciado contra o afastamento de Eduardo Cunha. Diante do impasse, a sessão foi adiada para esta quarta-feira.

Deputados reclamaram da ausência de Tia Eron, que sofreu pressões da sociedade nas redes sociais, de um lado, e de outro, do seu partido, o PRB, que é favorável a Cunha. No discurso, ela disse que tem livre capacidade de decidir e repudiou as críticas. “Aqui fui tão citada, tão convocada, tripudiada, requisitada. E aqui estou como sempre me comprometi com este Brasil desde o primeiro dia que cheguei neste conselho”, disse. “Podemos cassar, sim, mas essa sociedade devolverá no direito sagrado da concessão nas urnas nesta casa. Várias vezes vi isso no Nordeste”.

As declarações da deputada causaram um alvoroço entre deputados e o presidente do conselho, o deputado José Carlos Araújo (PR-BA), pediu calma. “Vamos manter o clima de coerência que começamos”, pediu. Ele ordenou ainda que cartazes com a expressão “Fora Cunha” fossem abaixados.

Cunha acusado de corrupção e chantagem

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) acusou o deputado Eduardo Cunha de “saquear dinheiro público”. Segundo ele, o peemedebista corrompeu e chantageou membros do Parlamento e do governo. “Ele é o grande financiador de campanha e um grande intimidador. A sociedade não aguenta mais tanta manipulação, travamento e cinismo. O Cunha pode muito, mas não pode tudo”.

Defensor de Cunha, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) disse que alguns deputados estão votando para a “plateia”. “Que moral tem quem está na Lava Jato aqui para acusar?”. questionou. E disse que vai votar com sua consciência. “Se a população ficar contra nós, paciência”.

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Fonte: Rádio França Internacional

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