COLôMBIA/FARC: Líder das Farc anuncia acordo histórico com governo colombiano

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Colômbia/Farc –

Artigo publicado em 23 de Novembro de 2015 –
Atualizado em 23 de Novembro de 2015

Líder das Farc anuncia acordo histórico com governo colombiano

O líder das Farc, Timoleón JiménezO líder das Farc, Timoleón Jiménez AFP PHOTO / Yamil Lage

RFI

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) estão muito próximas de um acordo com o governo colombiano, depois de três anos de negociações de paz mediadas por Cuba em Havana. Em um vídeo divulgado nesta segunda-feira (23) no YouTube e anexado a esta matéria, o líder da guerrilha marxista, Timoléon Jiménez, conhecido como Timochenko, anunciou que as partes já concordaram em 74 dos 75 pontos do chamado pacto de justiça, a parte mais espinhosa do processo.

Este texto, cuja íntegra não foi divulgada, deve regular o funcionamento dos tribunais que julgarão os crimes contra a humanidade cometidos pelos dois lados durante meio século de conflito. Um acordo, que previa anistia aos chamados delitos políticos e penas para tomada de reféns, execuções extrajudiciais e violência sexual, foi assinado no dia 23 de setembro de 2015, na presença do próprio Jiménez e do presidente colombiano, Juan Manuel Santos. Mas ainda existem divergências sobre a extensão do pacto.

"Pelo que me informaram, já estamos de acordo sobre 74 dos 75 pontos, só falta um", afirmou o líder guerrilheiro em uma entrevista concedida a partir de Cuba a um canal de difusão das Farc e publicada no Youtube. Ele não forneceu mais detalhes nem especificou o teor do aspecto sobre o qual pesa a contingência. Jimenez anunciou o novo entendimento com o governo depois de se reunir, no fim de semana em Havana, com Enrique Santos, irmão do presidente colombiano, enviado justamente para tentar superar diferenças sobre o acordo de justiça.

Segundo Jimenez, o encontro foi "muito produtivo" porque os dois puderam falar "com muita franqueza, com muita sinceridade". Ele acredita que esta reunião restabelece o impulso para que se possa encontrar um acordo final. "Sinto que temos a decisão de que alcançaremos um acordo final e começaremos a construir a paz", destacou Timochenko. Esta é a quarta tentativa de pôr fim ao conflito armado colombiano, que deixou ao menos 220.000 mortos e mais de seis milhões de deslocados.

Avanços

Pouco antes da assinatura do pacto de justiça, consolidado na presença do presidente cubano Raúl Castro, a presidência colombiana emitiu um comunicado afirmando que "a justiça é o centro das negociações de paz e, com um acordo no tema, o sonho de construir um país em paz começa a se tornar uma realidade". Este ponto já vinha sendo discutido havia quase um ano, mas persistia uma divergência quanto ao encaminhamento legal que seria dado aos quase 7 mil combatentes das Farc que, segundo a legislação colombiana, são inimigos do Estado.

O acordo de setembro abriu as portas para a negociação de outro ponto polêmico do processo de paz, a questão dos milhares de desaparecidos no conflito. Em outubro, as duas partes decidiram adotar as primeiras medidas humanitárias imediatas de busca, localização, identificação e entrega digna dos restos mortais dos desaparecidos.

Nesta mesma ocasião foi determinada a criação de uma unidade especializada para levar adiante essa tarefa com o apoio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e do Instituto Médico Legal (IML) colombiano. Essa nova unidade deverá determinar o número exato de desaparecidos no conflito. Estima-se que o número possa chegar a 51 mil pessoas.

Fonte: Rádio França Internacional

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