China pode ganhar com saída dos EUA do Acordo Transpacífico

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China pode ganhar com saída dos EUA do Acordo Transpacífico

mediaDonald Trump já anunciou que vai retirar os EUA do Acordo Transpacífico elaborado por Barack Obama
REUTERS/Jonathan Ernst/File Photo

A decisão de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo Transpacífico (TPP), o ambicioso tratado comercial negociado há anos, abre espaço para uma redefinição do mapa do comércio mundial. Nesta quinta-feira (24), a imprensa oficial chinesa celebrou o anúncio de Trump de retirar-se de um texto que reforçava a influência americana na Ásia e excluía a China.

Para o People's Daily, jornal que atua como porta-voz do Partido Comunista chinês, o objetivo do Acordo de Associação Transpacífico (TPP) é "estabelecer o domínio econômico da América, excluindo e suprimindo a China". Já o Global Times, conhecido por seu nacionalismo, considera que "a China se beneficiará do aumento do protecionismo americano", uma oportunidade para a segunda economia mundial "liderar o livre-comércio" no mundo.

A campanha de Trump foi construída em grande parte com a denúncia dos tratados de livre-comércio que, segundo o futuro presidente dos Estados Unidos, destroem empregos no coração industrial do país.

O que é o TPP?

Promovido pelos Estados Unidos durante a presidência de Barack Obama, o TPP (sigla do inglês Trans Pacific Partnership) foi assinado em 2015, após anos de negociações entre 12 países com acesso ao Pacífico. A China não está incluída. A ideia é estabelecer o livre-comércio com doze países da Ásia (Japão, Brunei, Malásia, Cingapura e Vietnã), Oceania (Austrália e Nova Zelândia), América do Norte (Estados Unidos, Canadá, e México) e América do Sul (Peru e Chile).

O TPP era um instrumento da política de aproximação com a Ásia projetada por Barack Obama. "Sem os Estados Unidos, o TPP não teria sentido", disse o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, após o anúncio de Trump.

Nos últimos anos, China e Estados Unidos lutam para impor sua visão diplomática no mundo. Pequim, que quer ser considerado uma potência compatível com seu poderio econômico, defende um "novo modelo de relação entre as grandes potências", colocando-se à altura dos Estados Unidos.

"Se os Estados Unidos saírem do TPP, a porta poderá ficar aberta para a China desenvolver sua própria zona de livre-comércio na Ásia", afirmaram em uma nota os analistas do IHS Global Insight.

Vários países, entre eles, a Austrália, já demonstraram interesse em tratados comerciais alternativos como a Associação Econômica Regional Integral (RCEP), um projeto parecido com o TPP, impulsionado pela China. O RCEP inclui, no momento, dez membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), assim como China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Os Estados Unidos estão fora.

China e América Latina reforçam os laços

Em sua recente visita à América Latina, o presidente chinês Xi Jinping defendeu o aprofundamento das relações comerciais com a região. Em Lima, capital do Peru, ele se referiu à construção de uma grande zona de livre-comércio Ásia-Pacífico (FTAAP), promovida por Pequim, para "continuar nossa implicação na globalização econômica".

Apesar de sua aparente defesa do livre-comércio, a China continua aplicando restrições dentro de seu país para impedir a competência de companhias estrangeiras, obrigando-as, em muitos casos, a aliar-se com companhias locais e a compartilhar sua tecnologia.

A China também tem usado o comércio como arma política, como no caso da proibição de importação de bananas das Filipinas por uma disputa sobre a soberania sobre um banco de areia situado no Mar da China Meridional.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Geng Shuan,g disse nesta quarta-feira (23) que a China "continuará adiante com o processo de integração econômica" na região Ásia-Pacífico e assegurou que Pequim não tem motivos políticos para isso, apesar de suas reivindicações territoriais no Mar da China Meridional, uma zona muito rica em recursos naturais.

Fonte: Rádio França Internacional

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