Chefes franceses dão ideias de ceia a 5 euros por pessoa

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Chefes franceses dão ideias de ceia a 5 euros por pessoa

Por

Adriana Moysés

mediaO patê de fígado de pato, ganso ou frango é uma iguaria típica das ceias francesas de Natal e de Ano Novo.
AFP PHOTO / LOIC VENANCE

O assunto do momento na mídia francesa são as ceias de Natal e Ano Novo. Loucos por gastronomia e apegados a tradições, os franceses não abrem mão de degustar os pratos típicos dessa época do ano, à base de frutas secas, aves, peixes e crustáceos. Mas o que fazer em tempos de crise?

Dois renomados chefes de cozinha franceses, Christian Constant e Pierre Augé, aceitaram o desafio proposto pelo jornal Aujourd'hui en France e sugerem cardápios para o Reveillon a € 5 por pessoa, cerca de R$ 18.

O mesmo espírito está presente na composição dos cardápios elaborados por Constant, do restaurante Violon d'Ingres, no sétimo distrito de Paris, uma estrela no guia Michelin, e Augé, vencedor do Top Chef, um talent show de culinária exibido pelo canal de TV M6.

A primeira regra para preparar um bom prato, a preço razoável, é utilizar ingredientes da estação. No inverno francês, as preparações à base de castanhas, de abóboras e da família do brócolis (couve-flor, repolho e couve-de-bruxelas) são boas opções. Raízes como bererraba, cenoura e o céléri-rave, encontrado apenas no hemisfério norte, também são baratos e saborosos. A segunda orientação dos chefes é substituir especialidades raras, geralmente mais caras, por iguarias similares com preços menos "salgados".

De entrada, o chef Constant sugere um creme de abóbora com pedaços de queijo gruyère (€ 1,35 por pessoa), enquanto Augé propõe um patê de fígado de frango (€ 0,80) com pão ou torrada. O prato principal do chef do Violon d'Ingres, é um gratinado de vieiras com salmão (€ 1,90). As sugestões de sobremesa são rocambole de castanha (€ 1,50) e crepe doce com chantilly (€ 1,20).

Fornecedores aumentam preços de forma abusiva

Dois chefes de cozinha ouvidos pela RFI Brasil, em Paris, constatam um aumento abusivo dos preços com a proximidade das festas de fim de ano. A chefe Alessandra Montagne, do restaurante Tempero, no décimo-terceiro distrito da capital, desistiu de abrir seu estabelecimento nos dias 24, 25, 31 e 1° de janeiro.

"Eu desisti de servir pratos à base de lagosta, vieira, foie gras e caviar porque os fornecedores vão multiplicando os preços por 2, 3 ou 4 quando vai chegando a época do Natal", testemunha Alessandra. "No meu caso é até uma forma de protesto. Acho um absurdo esses aumentos abusivos, sabendo que todo mundo vai querer comprar. Então, parei. Quando quero servir foie gras, eu coloco no cardápio em janeiro ou em outros meses do ano", explica.

Para sua ceia de Natal, ela diz que vai preparar um prato de frango com castanhas e acompanhamento de arroz e legumes. "A única coisa que eu me permito nesta época do ano é um bom champagne; isso eu não abro mão", conta a chefe do Tempero.

Os chefes Maurício Zillo e Francesco Ruggiero, do restaurante A Mere, no décimo distrito de Paris, também constatam uma alta de preços de 30% a 40% nos produtos típicos das festas. Mas eles não chegam a ser tão radicais quanto Alessandra e oferecem produtos natalinos, como o chapon, um galo castrado de carne macia, pato, vieira, lagosta e trufas.

A casa não tem um cardápio fixo, o que permite no cotidiano adaptar a oferta de pratos à evolução dos preços, sem abrir mão da qualidade. No horário de almoço, de segunda a sexta-feira, o restaurante A Mere propõe um menu a € 28. Para o jantar, Zillo e Ruggiero oferecem duas fórmulas, a € 36 (entrada, prato e sobremesa) e a € 65 (degustação de seis especialidades francesas). Fechado durante as festas, o estabelecimento vai reabrir no dia 9 de janeiro de 2017.

Fonte: Rádio França Internacional

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