04/12/2015
Sudão do Sul: combates forçam milhares a fugir para RD Congo
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Combates recentes deslocaram mais de 4 mil pessoas para uma região remota do país vizinho; até o momento, conflito sul-sudanês já forçou 2,3 milhões de pessoas a saírem de suas casas.
Foto recente mostra outros refugiados sul-sudaneses em um barco na Etiópia. Foto: Acnur/C. Tijerina.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Combates recentes entre grupos locais e o exército do Sudão do Sul na região de Equatória Ocidental deslocaram mais de 4 mil pessoas para uma área remota no leste da República Democrática do Congo.
Duas equipas do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, registaram esta semana, até o momento, cerca de 3,4 mil recém chegados em regiões próximas ao território de Dungu.
Mulheres e Crianças
O registo na RD Congo está a ocorrer em áreas ao longo da fronteira e mais chegadas estão sendo relatadas.
Cerca de 90% dos refugiados sul-sudaneses são mulheres e crianças. Alguns andaram por três dias, a carregar apenas seus pertences mais importantes. A maioria dos homens ficou para trás no Sudão do Sul.
Enquanto alguns deslocados estão dormindo ao ar livre ou em cabanas abandonadas sem teto, a maioria está a ser abrigada por famílias locais, entre elas ex-refugiados sudaneses de conflitos anteriores.
Abrigo
O Acnur distribuiu cobertas de plástico para 409 pessoas. Os desalojados afirmam que suas necessidades mais urgentes são abrigo, comida e assistência médica.
O hospital mais próximo fica a 80 quilômetros de distância. A agência da ONU afirmou que avaliações mais detalhadas vão determinar o apoio necessário.
Paz
Muitos refugiados afirmam que não vão voltar ao Sudão do Sul se não houver paz.
O conflito no país eclodiu na capital Juba há dois anos. Até o momento, 2,3 milhões de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas. Cerca de 650 mil atravessaram as fronteiras como refugiadas e 1,6 milhão estão deslocadas dentro do país.
Cerca de 226 mil refugiados estão na Etiópia, 198 mil no Sudão, 172 mil em Uganda e 49 mil no Quénia.
Mesmo nessas condições, o Sudão do Sul continua a abrigar aproximadamente 265 mil refugiados das regiões de Kordofan Sul e Nilo Azul no Sudão.
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