Retrospectiva 2016: Países de Língua Portuguesa – Parte I

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26/12/2016

Retrospectiva 2016: Países de Língua Portuguesa – Parte I

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No primeiro capítulo da série de três reportagens especiais, vamos relembrar os fatos que mais marcaram Angola, Brasil e Cabo Verde sob a ótica das Nações Unidas; febre amarela e surto de zika estiveram entre os assuntos do ano.

Surto de zika, que causa microcefalia, atingiu 60 países. Foto: Unicef/Ueslei Marcelino

Leda Letra, da ONU News em Nova York.

Uma nação de língua portuguesa entre os 15 países-membros do Conselho de Segurança: Angola se destacou em 2016 por ocupar uma cadeira no órgão responsável por manter a paz e a segurança mundiais.

Começamos o primeiro capítulo da nossa retrospectiva sobre os países lusófonos relembrando os fatos que mais marcaram a nação africana no contexto das Nações Unidas.

Angola

Angola chegou a presidir o Conselho de Segurança em março e termina, neste mês de dezembro, o seu mandato de dois anos como membro não-permanente do órgão.

Mas o país quer mais: durante sua passagem pelas Nações Unidas em setembro, o vice-presidente Manuel Vicente defendeu a reforma do Conselho de Segurança.

“A República de Angola é a favor do alargamento do número dos membros permanentes e não-permanentes do Conselho de Segurança por forma a torná-lo mais representativo na sua capacidade de resposta na solução dos conflitos. Por essa razão, reiteramos o direito do continente africano de estar representado entre os membros permanentes do Conselho de Segurança conforme o Consenso de Ezulwini.”

El Niño

Enquanto nos corredores da ONU o assunto era a segurança, lá em Angola a preocupação era com os efeitos do fenômeno El Niño. O país chegou a perder 500 mil cabeças de gado devido às secas. As condições climáticas extremas afetaram 1,4 milhão de angolanos.

No campo da saúde, a Organização Mundial da Saúde, OMS, esteve no centro de um grande plano para acabar com um surto de febre amarela, o pior em Angola dos últimos 30 anos. O vírus também atingiu a população da nação vizinha, a República Democrática do Congo.

Febre Amarela

Segundo a OMS, os dois países tiveram mais de 960 casos confirmados entre 7,3 mil suspeitas, além de centenas de mortes.

Mas o sucesso de uma enorme campanha de vacinação garantiu que a transmissão do vírus fosse interrompida. A OMS destaca que 30 milhões de pessoas foram vacinadas em Angola e na RD Congo.

Enquanto a febre amarela assustava a população angolana, um outro vírus preocupava o Brasil e a Organização Mundial da Saúde, que declarou o zika como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional.

Brasil

Transmitido pelo mosquito Aedes, o vírus pode causar microcefalia em bebês e síndrome de Guillain-Barré em adultos, considerada uma desordem neurológica rara.

Além do Brasil, cerca de 60 países reportaram a transmissão do vírus, levando a OMS a divulgar uma lista de recomendações para que as pessoas pudessem se prevenir do zika durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Atletas refugiados do Sudão do Sul chegam ao Rio de Janeiro. Foto: Acnur/ Benjamin Loyseau

Com as Olimpíadas, a cidade brasileira ganhou a atenção do mundo em agosto e recebeu uma equipe de atletas apoiados pela Agência da ONU para Refugiados, Acnur.

Olimpíadas

“Eu tô muito feliz, muito, muito. Tô aqui muito emocionada e feliz. Estou me sentindo muito bem, muito feliz. Não tava esperando, saiu a notícia de que vou participar, tô muito feliz.”

A felicidade em estar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro dominou os judocas Yolande Mabika e Popole Misenga, da República Democrática do Congo.

Ao todo, foram 10 refugiados competindo em diversas modalidades. Nenhum levou uma medalha para casa, mas fizeram história por serem os primeiros refugiados a terem a chance de participar de uma Olimpíada.

O Brasil também ganhou a atenção do mundo em 2016 devido à crise política. Em abril, Dilma Rousseff esteve nas Nações Unidas, em Nova York, para a assinatura do Acordo de Paris sobre o Clima, no que viria a ser o seu último discurso na ONU como presidente da República.

Crise Política

“Não posso terminar minhas palavras sem mencionar o grave momento que vive o Brasil. A despeito disso, quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvida, impedir qualquer retrocesso.”

Mas com o impeachment aprovado pelo Senado em 31 de agosto, Dilma Rousseff saiu do poder e foi substituída pelo vice, Michel Temer.

Em uma nota pública, o secretário-geral da ONU agradeu à presidente Dilma por seu compromisso e apoio com a organização. Ban Ki-moon também declarou confiar na liderança de Michel Temer para a continuação da tradicional parceria entre Nações Unidas e Brasil.

Menos de um mês depois, o presidente fazia o seu primeiro discurso na ONU, durante os debates de alto nível da Assembleia Geral. Michel Temer aproveitou para se pronunciar sobre a situação política.

Michel Temer em discurso na Assembleia Geral da ONU. Foto: ONU/Cia Pak

“O Brasil acaba de atravessar um processo longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte Brasileira, que culminou em um impedimento. Tudo transcorreu dentro do mais absoluto respeito constitucional."

Na ONU, o presidente Michel Temer também elogiou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que entrou em vigor neste ano. Os países tem mais 14 anos para cumprir os 17 objetivos para o fim da pobreza, promoção da sustentabilidade em vários setores e combate à mudança climática.

Cabo Verde

Manter as metas em relação ao clima foi uma das promessas do novo governo de Cabo Verde. O primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva tomou posse em abril, mesmo mês de assinatura do Acordo do Clima.

O então embaixador cabo-verdiano junto à ONU, Fernando Wahnon, contou os planos do país para promover a energia sustentável.

"Pensamos que podemos diminuir as emissões ou não aumentá-las e aumentar o crescimento econômico através das energias renováveis. Nós temos uma meta de 100% das energias renováveis na rede, estou falando de eletricidade para 2025. Trata-se de um objetivo. Mas neste momento nós já temos 30% de energia renovável na rede."

Saúde

Os conflitos internacionais, tão presentes neste ano de 2016, mereceram a atenção do discurso do ministro dos Negócios Estrangeiros, que esteve na ONU para os debates de alto nível da Assembleia Geral.

Ao ser entrevistado pela ONU News, Luís Filipe Tavares afirmou que Cabo Verde quis passar uma mensagem de esperança.

“Nós falamos aqui dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, de questões relacionadas à paz. Quisemos também transmitir uma mensagem de esperança ao mundo. O multilateralismo é o espaço mais adequado para a resolução dos conflitos internacionais, ainda infelizmente vários conflitos em nosso continente, que merecem toda a atenção da comunidade internacional. Como pequeno Estado insular, queríamos trazer questões que têm a ver com a vulnerabilidade dos pequenos Estados insulares, nomeadamente as questões relacionadas com o clima.”

No setor da saúde, Cabo Verde também precisou enfrentar o zika. Em maio, a OMS confirmou que o vírus que circulava na ilha africana havia sido "importado" do Brasil. Naquele mês, Cabo Verde tinha registrado 7,5 mil casos suspeitos de zika.

Mas o país recebeu uma boa notícia em novembro: a Organização Mundial da Saúde confirmou que Cabo Verde conseguiu erradicar a poliomielite do território nacional.

No segundo capítulo da nossa retrospectiva especial sobre os países de língua portuguesa, você vai relembrar os fatos que marcaram a Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

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Trailer – Retrospectiva ONU 2016

Vacinação contribuiu para erradicação da pólio em Cabo Verde. Foto: Unicef/Cornelia Walther

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Fonte: Rádio ONU

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