Relatório da ONU revela que avanços globais não garantem inclusão social

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30/11/2016

Relatório da ONU revela que avanços globais não garantem inclusão social

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Estudo do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais mostra o que deve ser feito para alcançar metas da Agenda 2030; único país lusófono citado na pesquisa, Brasil tem apenas 30% de profissionais negros altamente qualificados, menos da metade do número de profissionais brancos do país.

No Brasil a confiança na polícia chega a 49% entre a maioria étnica e a 42% entre a minoria. Foto: Banco Mundial/Jesus Alfonso

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

Novo relatório da ONU alerta que milhões de pessoas no mundo enfrentam exclusão social apesar dos avanços conquistados nos últimos anos.

O alerta consta do relatório "Não Esquecendo de Ninguém: o Imperativo do Desenvolvimento Inclusivo", lançado esta quarta-feira pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, Desa.

Acesso limitado

Segundo o documento, além da exclusão social, muitos sofrem com o acesso limitado a oportunidades econômicas, políticas e sociais. O relatório analisa as desvantagens que certos grupos da população enfrentam. Entre eles estão jovens, idosos, minorias étnicas, povos indígenas, migrantes e pessoas com deficiências.

Entre as recomendações feitas para combater o problema, a ONU reitera a importância da implementação de políticas sociais universais e instituições inclusivas.

Para que ninguém fique para trás, o relatório cita a necessidade de mudanças das normas sociais, culturais e políticas, como também das atitudes e comportamentos das pessoas.

Tribunais

Único país de língua portuguesa citado no relatório, o Brasil apresenta dados interessantes na relação entre vários setores da sociedade. Por exemplo, a confiança na polícia chega a 49% entre a maioria étnica e a 42% entre a minoria. Os índices são parecidos em relação aos tribunais de justiça.

Quando a questão é a qualificação profissional, as diferenças são mais visíveis. Mais de 70% dos brancos são classificados como trabalhadores altamente qualificados, essa taxa cai para 30% entre os negros brasileiros.

A participação na força de trabalho é de menos de 40% entre as pessoas com deficiência e mais de 70% entre os que não tem qualquer tipo de deficiência. Em relação ao salário, os indígenas ganham, em média, 59,5% do que os brancos recebem e as pessoas com deficiência ganham 69% pelo mesmo tipo de serviço.

Os que mais votam

Já na divisão por faixa etária, os idosos, pessoas com mais de 60 anos, são os que mais votam: 95%. Apenas 86% dos jovens de até 24 anos comparecem às urnas. Os que têm entre 25 e 59 anos representam 91% dos eleitores em votações nacionais.

Um outro dado do relatório em termos gerais revela os vizinhos que "ninguém gostaria de ter".

Em primeiro lugar, com mais de 70% de rejeição, ficaram "viciados em drogas, seguidos por alcoólatras, homossexuais, soropositivos e imigrantes ou estrangeiros."

Educação secundária

O subsecretário-geral para o Desenvolvimento Econômico e Social, Wu Hongbo, afirmou que "os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável reconhecem que o desenvolvimento só será sustentável se for inclusivo".

Dados recentes de países desenvolvidos e em desenvolvimento mostram que crianças com deficiências e as que pertencem a grupos de minorias têm uma chance bem menor de completar a educação secundária do que outras crianças.

No mercado de trabalho, jovens, migrantes, mulheres e indígenas são os que geralmente estão desempregados. E também os que recebem salários mais baixos ou não têm qualquer tipo de rendimento.

Cargos públicos

Atualmente, mais de 150 países têm, pelo menos, uma lei que discrimina mulheres. Em várias nações, as mulheres são menos propensas a votar e não têm representação significativa em cargos públicos.

Para a ONU, essas diferenças de oportunidades de vida não só são injustas como levam à perda de potencial humano.

O relatório afirma que as pessoas que enfrentam uma forma de desvantagem acabam sofrendo de outras também. Por exemplo, o acesso limitado a cuidados de saúde e educação caminha lado a lado com altos níveis de desemprego e baixos salários.

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Fonte: Rádio ONU

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