Iêmen: “uma geração inteira pode ser prejudicada pela fome”

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25/10/2016

Iêmen: "uma geração inteira pode ser prejudicada pela fome"

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Alerta é do Programa Mundial de Alimentos, PMA; avaliação de junho mostra que 14,1 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar, 7 milhões de forma grave.

Criança no Iêmen. Foto: PMA/Abeer Etefa

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.*

A agência das Nações Unidas para assistência alimentar afirmou nesta terça-feira estar cada vez mais preocupada com a piora da situação de segurança alimentar e aumento nos índices de desnutrição infantil no Iêmen, especialmente em áreas de difícil acesso.

O diretor regional do Programa Mundial de Alimentos, PMA, afirmou que "a fome aumenta a cada dia e as pessoas esgotaram todas as suas estratégias de sobrevivência".

Sobrevivência

Muhannad Hadi alertou que milhões de pessoas "não podem sobreviver sem assistência", ressaltando que o conflito no país está tendo um impacto arrasador especialmente em mulheres e crianças.

O PMA está buscando tratar e ajudar a prevenir desnutrição entre cerca de 700 mil crianças com menos de cinco anos, grávidas e lactantes. Este trabalho está sendo feito através de parceiros locais em 2,2 mil centros de saúde em 14 províncias do Iêmen.

Impacto da fome

Segundo o diretor da agência da ONU no país, Torben Due, "uma geração inteira pode ser incapacitada pela fome".

Ele afirmou ser necessário fornecer uma porção completa para cada famílía que precisa mas, infelizmente, o PMA teve de "reduzir o tamanho da cesta de alimentos e dividir ajuda entre famílias empobrecidas para atender às necessidades crescentes".

Uma avaliação de junho deste ano mostra que 14,1 milhões de pessoas no Iêmen estão em situação de insegurança alimentar, incluindo 7 milhões de forma grave. Em algumas províncias, 70% da população está lutando para se alimentar.

Situação dramática

Uma equipe do PMA esteve recentemente em bairros empobrecidos e conversou com residentes e autoridades locais nas provincías de Hajjah, no nordeste do país, e Hodeidah, no Mar Vermelho.

Segundo a agência, eles descreveram uma situação muito dramáticas com as pessoas lutando diariamente para atender suas necessidades alimentares.

Mesmo antes do conflito, o Iêmen já registrava uma das mais altas taxas de desnutrição do mundo. Em algumas áreas, como a província de Hodeidah, foram registrados índices globais de desnutrição aguda de até 31% entre crianças com menos de cinco anos.

Catástrofe

De acordo com o PMA, este índice é mais do que o dobro do "limiar de emergência" de 15%. A agência alerta ainda que quase metade das crianças do país tem nanismo irreversível.

O impacto econômico do conflito é uma "catástrofe" para o Iêmen, o país mais pobre do Oriente Médio. Milhões de funcionários do setor público não estão mais recebendo seus salários. Mesmo antes da escalada do conflito e da "queda dramática nas importações", o Iêmen importava cerca de 90% de seus alimentos.

Insegurança

A insegurança torna o acesso a alguns locais no país um desafio. Durante a pausa humanitária de 72 horas na semana passada, o PMA conseguiu chegar a três distritos na província de Taiz, fornecendo assistência alimentar a 155 mil pessoas.

A distribuição de comida em algumas áreas continua e a agência também vai cobrir outras 189 mil pessoas em três outros locais que eram de difícil acesso nas últimas semanas.

O PMA previsa de mais de US$ 257 milhões para fornecer assistência vital até março de 2017.

*Apresentação: Michelle Alves de Lima.

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Fonte: Rádio ONU

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