2018 marca os 25 anos de carreira do casal Mimi Parker e Alan Spearhawk sob o nome Low e a chegada de seu décimo-segundo disco, Double negative. Numa ‘linha do tempo natural’, poderia-se esperar do álbum um apanhado do que eles fizeram neste quarto de século, se não um ‘best of’, algo do tipo, não? Não! Não, mesmo!

Antes de ler qualquer informação sobre este trabalho, lançado em setembro via Sub Pop, escutei o primeiro single extraído dele, “Quorum”, e por um momento pensei ‘ué, esses fones estavam bons até agora, o que aconteceu?’. Troquei os fones, comecei a ouvir a música de novo, e a mesma coisa, até que ali pelos 2 minutos a faixa ‘clareou’; percebi então que não eram os fones que estavam com defeito, era…a música.

Aos primeiros segundos de “Quorum” a impressão é que se está ouvindo algo da Warp e que de repente entrarão uns beats quebrados, até que surgem as vozes de Alan e Mimi – completamente distorcidas e processadas até a incompreensão, mas ainda suas vozes. Não é defeito. É o Low desafiando os fãs e a lógica, entortando sua própria história e, se recriando, dando espaço ao novo.

Após escutar Double negative algumas vezes, fui atrás de informações que embasassem esse sad/slowcore transmutado que é o álbum. Descobri então que BJ Burton está novamente trabalhando ao lado do casal, e que graças a ele as leves inclinações eletrônicas introduzidas em Ones and sixes se tornaram as bases fixas onde foram construídas as 11 canções do disco.

O resultado agradará a todos? Provavelmente não, mas com certeza abrirá novos caminhos para o Low, caminhos esses que o trio já prova não ter medo de trilhar. Resta saber se os fãs os seguirão.

Altamente recomendado!