Beck – Sea Change (2002)

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Esse texto tem início no exato momento em que “Already dead” começa a tocar e seus versos são como um soco no estômago, me tirando o ar e empurrando um monte de lembranças ruins goela abaixo, acompanhadas das outras 11 canções de Sea change, o disco-de-corno-fodido do eterno mutante Beck.

Ouvi esse álbum sem parar enquanto passava pela mesma situação que seu autor passou quando o escreveu, então rolava uma identificação sincera e várias conversas esquizofrênico-depressivas entre eu e eles – Beck e seu disco.

Pra quem não sabe, Sea changes foi escrito numa tacada durante uma semana, e toda sua melancolia é facilmente explicável: pouco antes de completar 30 anos de idade, ao fim da turnê do festivo Midnight vultures, Beck descobriu que sua então namorada de longa data Leigh Limon mantinha um caso com um cara de uma banda chamada Whiskey Biscuit. Adeus nove anos de relacionamento, olá fossa.

Obviamente o tempo curou nossa dor de cotovelo, ele e eu seguimos em frente (risos), mas enquanto vivemos Sea changes revelamos nossa mais intima tristeza. Beck com suas letras confessionais e os violões do seu álbum, eu com garrafas vazias e em conversas sem fim com minha terapeuta (risos nervosos). Afinal cada um supera suas perdas como pode (mais risos nervosos).

Afora todo esse papo de boteco este é um disco lindo, dolorido até os sulcos. Queria poder recomendá-lo a todos, mas sei que neste instante há alguém passando pela mesma situação que eu e meu parceiro passamos, e se o estrago for muito grande e o coração estiver desgraçadamente despedaçado as coisas podem piorar muito ao escutá-lo. Então só recomendo pra quem segurar a trip.

‘Love looks away
In the harsh light of the day
On the edge of nothing more
Days fade to black
In the light of what they lack
Nothing’s measured by what it needs
Already dead to me now
‘Coz it feels like I’m watching something dyin..’

 

Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos

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