O primeiro texto do resto das nossas vidas

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Arte: Carlos Eduardo de Andrade

Tocava um dos noturnos de Chopin na vitrola quando uma comitiva de empresários do leste europeu me ofereceu um salário milionário para escrever essa coluna. Eu soltei um longo bocejo e degustei lentamente o cognac que tinha na taça que segurava em minha mão em forma de garra. Senti o sabor amadeirado e as notas de Pepsi Twist. Estranho. Tudo não passava de um sonho, algo que percebi logo após aqueles 24 segundos confusos quando se é desperto abruptamente por uma melodia polifônica. Depois de apertar dezenas de vezes o botão que atende pelo meigo nome de ‘soneca’, só tinha mais algumas horas para digitar as palavras que deveriam conquistar os corações de milhões.

Não deu tempo e a apresentação vai ter que ser essa aqui mesma.

(Olá, tudo bem?)

Todas as segundas-feiras vou postar um textão meio que assim mais ou menos de leve sobre música. E a vida também. Sobre compras em pequenos comércios. Filas. Casais de idosos. Macroeconomia. Busão lotado. Pós-estruturalismo. Buffet Livre. Amor. A-palavra-saudade-que-só-existe-em-português.

A coisa vai ser na base do shuffle, porém tendo a conexão com a música como permanente. O plano é tentar captar a essência daqueles devaneios cotidianos construídos ou motivados por paisagens sonoras. A emoção inesperada que uma soma de notas e versos é capaz de fazer brotar estando no meio de uma multidão ofegante. A nostalgia do hardcore e da internet discada. As Pé Na Bunda Songs. As canções que vocês tatuam em seus corpos mas que eu sinceramente acho uma merda. A reflexão instigada em um observador que tem sua cabeça espremida por grandes fones brancos no último volume (ou aqueles fonezinhos xexelentos que você ganha de uma companhia aérea que não vou citar o nome na esperança de que patrocine um próximo texto).

Enfim, deu pra entender que se trata de uma coluna muito da metida à besta.

Publicar aqui semanalmente vai ser basicamente remunerado pela gratidão dos amigos e por visibilidade midiática. Isso mesmo, não vai servir nem para acumular netpoints.

Seja bem-vindo. Não repare a bagunça.

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